Apr 9, 2011

The River (Part 3) - Rio Tejo, Lisbon, September 1994

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Technical Data:
Camera - Hasselblad 500 C/M
Lenses - Carl Zeiss Distagon-C 3.5/60mm + Carl Zeiss Sonnar-C 4/150mm
Film - Kodak T-MAX 100
Developers - Kodak HC-110 + Tetenal Neofin Blau
Location - Lisbon, Portugal
Date - September 1994
Scanner - Epson Perfection 4990 Photo


XXXIV

Acho tão natural que não se pense
Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
Não sei bem de quê, mas é de qualquer coisa
Que tem que ver com haver gente que pensa…

Que pensará o meu muro da minha sombra?
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
A perguntar-me coisas...
E então desagrado-me, e incomodo-me
Como se desse por mim com um pé dormente...

Que pensará isto de aquilo?
Nada pensa nada.
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela a tiver, que a tenha...
Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas coisas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos...
Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar, tenho a Terra e o Céu.


Poemas de Alberto Caeiro – Obras completas de Fernando Pessoa
(Lisboa, Edições Ática, 1979), pp. 57


XXXIV

I find it so natural not to think
I start to laugh sometimes, all alone,
I don’t really know why, but it’s about something
To do with knowing there are people who think...

What is my wall thinking about my shadow?
I ask myself this sometimes until I notice
I’m asking myself things...
And then I get mad at myself, and feel uncomfortable
Like when my foot falls asleep...

What does this think about that?
Nothing thinks about anything.
Does the earth have consciousness of its stones and plants?
If it did, it would be people. . .
Why am I worrying about this?
If I think about these things,
I’ll stop seeing trees and plants
And stop seeing the Earth
For only seeing my thoughts...
I’ll get unhappy and stay in the dark.
And so, without thinking, I have the Earth and the Sky.

Translation from Fernando Pessoa: Alberto Caeiro: Complete Poems


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Apr 6, 2011

The River (Part 2) - Rio Tejo, Lisboa (October 1994)

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Technical data:
Camera – Rolleiflex 3.5F
Taking lens – Carl Zeiss Planar 75mm f/3.5
Film – Kodak T-Max 100
Film developers – Kodak HC-110 & Tetenal Neofin Blau
Location – Lisbon, Portugal
Date – October, 1994
Scanner – Epson Perfection 4990 Photo



Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

Poemas Inconjuntos

Poemas de Alberto Caeiro - Obras Completas de Fernando Pessoa



It’s not enough to open the window
To see the fields and the river.
It’s also not enough to not be blind
To see the trees and the flowers.
It’s also necessary to not have any philosophy at all.
With philosophy there are no trees, there are only ideas.
There’s only each of us, like a wine-cellar.
There’s only a shut window and the world outside it;
And a dream of what you could see if you opened the window,
Which is never what you see when you open the window.

Detached Poems (1913-1915)

Fernando Pessoa: Alberto Caeiro: Complete Poems



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