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Technical data:
Camera – Rolleiflex 3.5F
Taking lens – Carl Zeiss Planar 75mm f/3.5
Film – Kodak T-Max 100
Film developers – Kodak HC-110 & Tetenal Neofin Blau
Location – Lisbon, Portugal
Date – October 23, 1994
Scanner – Epson Perfection 4990 Photo
XX
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
Poemas de Alberto Caeiro – Obras completas de Fernando Pessoa
(Lisboa, Edições Ática, 1979), pp. 44-45
XX
The Tejo is more beautiful than the river that flows through my village,
But the Tejo isn’t more beautiful than the river that flows through my village,
Because the Tejo isn’t the river that flows through my village.
The Tejo has big boats
And there navigates in it still,
For those who see what’s not there in everything,
The memory of fleets.
The Tejo runs down from Spain
And the Tejo goes into the sea in Portugal.
Everybody knows that.
But not many people know the river of my village
And where it comes from
And where it’s going.
And so, because it belongs to less people,
The river of my village is freer and greater.
Through the Tejo you go to the World.
Beyond the Tejo is America
And the fortune you encounter there.
Nobody ever thinks about what’s beyond
The river of my village.
The river of my village doesn’t make you think about anything.
When you’re at its bank you’re only at its bank.
(3/7/1914)
Translation from Fernando Pessoa: Alberto Caeiro: Complete Poems
Poem selected by Maria Helena
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Toledo
11 years ago